segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Empresas são as pessoas?"

Era uma vez a necessidade de encontrar no mundo atual o “ser humano”. Estranhamente, esta procura parece desnecessária, visto que somos humanos, diriam algumas pessoas, no entanto, a busca pelo ser humano prende-se justamente pela falta de humanização existente dentro do contexto atual. 
Estaríamos enganados quando encontramos tantas associações e voluntários que alteram suas rotinas em busca de ajudar o outro? Talvez, mas não queremos discutir este aspecto, caminhamos para tentar perceber o lado humano existente nas organizações. Tantas vezes ouvimos a velha e boa expressão “as empresas são as pessoas”, falta-nos perceber que tipo de pessoas. Quem são estes seres que fazem as empresas? Serão humanos? Consideramos “humano” quem carrega em si um compromisso de respeitar o outro, de viver com a capacidade de que um salário é algo necessário para se existir no mundo capitalista, mas que é fruto de um trabalho realizado com dignidade e de um compromisso. 
Na verdade muitos colaboradores estão insatisfeitos com a desumanidade presente nas empresas que visam os lucros, o que é de todo natural pela sua sobrevivência, mas se esquecem de que os profissionais existem enquanto “pessoas”, sentem, têm histórias de vida que se cruzam e alteram-se com a sua presença na empresa e vice-versa. A empresa faz parte da vida das pessoas, no entanto, muitos se esquecem de que as pessoas fazem parte da empresa e sobretudo formam a empresa. 
As histórias de vida fazem estas empresas porque alteram o profissional e marcam a história da própria empresa. 
Será que a história de vida da empresa faz-se pelos anos que passam e/ou pelas pessoas que passam nestes anos de existência?

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A lista dos desejos de leitura para 2014

Estou por aqui preparando o conteúdo programático para as aulas de "Literatura" para a disciplina de Escritores e Escritas em Língua Portuguesa (uma forma de colocar a literatura traduzida e alcançar autores interessantes como Stefan Sweig, Gabo, Llosa entre outros) e pensei que poderíamos fazer uma lista de livros para serem lidos ao longo do mês de janeiro, depois uma outra para fevereiro e assim por diante, uma vez que outros títulos podem surgir ao longo do ano.

Neste meu momento, estou a revisitar o livro "Memória das minhas putas tristes" (Gabriel García Márquez) e "Carta de uma desconhecida" (Stefan Zweig) leituras simples e encantadoras que entrarão na minha lista de janeiro. Assim sendo, a lista começa muito bem e tem a pretensão de avançar assim :)

Espero que tenham um ano de boas leituras e com a noção de que existe sempre tempo para a leitura se existir muita vontade e um livro sempre por perto.

Feliz 2014!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Aulas de Literatura_Conhecendo mais o escritor Augusto Abelaira

Começar o dia com uma aula de literatura pode ser um momento imensamente agradável se a opção for transformar este tempo em algo proveitoso. Estive a definir desde o início das aulas que as faria de forma que fossem agradáveis e que trouxessem a aprendizagem de uma forma leve e fluída. Levar aos alunos alguns autores "esquecidos" e fazer com aprendessem mais dentro de um universo tão vasto e enriquecedor.

Sessão de leitura e atividades com cada crônica pode estimular a aprendizagem e trazer um bom ambiente. Há que se aprender todos os dias a dar aulas mais dinâmicas e perceber que os alunos apreciam este tempo que passam num encontro com a literatura.

Aqui deixo uma crônica de Augusto Abelaira, uma das mais belas crônicas que transmitem muita emoção. Deixe-se levar pelos mais belos sentimentos e por um autor que traduz em palavras tanta sensibilidade.

ESCREVER NA ÁGUA


Carlos
Não me importa agora que Carlos de Oliveira fosse o autor de algumas das mais belas poesias da língua portuguesa. Nem que tivesse escrito o mais misterioso e envolvente dos nossos romances. E isto nunca lho disse. Um pudor absurdo? Cheguei a afirmar publicamente (mas a ele, nunca) que considerava Finisterra  (ou, melhor, Finisterra: paisagem e povoamento, ele irritava-se que lhe cortassem o título) o melhor romance português dos últimos 30 anos. Mas não era verdade – e só o tal pudor impediu que dissesse: de toda a literatura portuguesa (e não esquecendo Os Maias). Coisa que percebi imediatamente após a leitura da prova amorosamente dactilografada pela Ângela em papel azulado. Porque não lho disse se o sentia? Que pudor é este? Talvez não somente pudor, o receio da ironia dele: Você é uma pessoa muito amável e não acreditaria, pensaria que eu estava a lisonjeá-lo. E eu não queria que ele pudesse pensar isso de mim. Para ele era mais verossímil uma admiração modesta, ele não tinha verdadeira consciência do livro que escrevera. Rendi-me à falsa verossimilhança.
Mas não importa isso agora, repito, porque mais importante me parece o amigo. E recordo-me de que, com a minha estúpida mania de brincar com coisas sérias, declarei recentemente a um jornal: Não tenho amigos. A hipócrita tentativa de ouvir alguém protestar, de ouvir o próprio Carlos de Oliveira? E estou a ver o rosto magoado, profundamente magoado, dele, quando no dia seguinte o encontrei. Você não será amigo de ninguém, é lá consigo, mas há pessoas que são suas amigas e você não tem o direito de falar como falou. Desejei meter-me pelo chão abaixo, o Carlos de Oliveira era um pouco a voz da consciência, uma consciência que se amava e que se temia. Um desses amigos capazes de sofrer pelos outros. Com os outros.
Mas agora? Carlos de Oliveira era uma das três pessoas com quem eu me habituara a conversar na própria ausência delas. O interlocutor de certos momentos quando eu estava sozinho. Quando escrevia um livro (que pensará o Carlos de Oliveira?). Quando via um bom filme (ele que não ia ao cinema). Quando lia um bom livro. Até quando amava. Sim, que pensará o Carlos de Oliveira? E apesar de vê-lo todos os dias conversava mais com ele quando não estava com ele.
Com quem vou agora conversar quando estiver sozinho, agora que das três pessoas com quem conversava em silêncio já outra morreu alguns tempos antes? E penso nas tantas coisas que lhe disse em silêncio, mas que não me atrevi a dizer-lhe na realidade.
Uma porção de coisas que andavam a afogar-se e que só a ele poderia confessar.
Recentemente fizemos uma aposta. A esquerda ganharia ou não em França? Céptico, eu dissera que não. Ele, que sim. Perdi a aposta que era um jantar. E íamos jantar num dia destes – ainda na terça-feira falámos nisso. Eu decidira ter a tal conversa, pôr em dia as muitas conversas que com ele tivera não tendo. A fascinação de pôr a alma a nu - a certeza de que só ele me saberia ouvir com esse misto de ternura e de ironia que tanto o caracterizava, a sua generosidade sem mácula, a sua prodigiosa capacidade de compreender sentindo-me se aproximar discretamente de nós. O seu conselho. A sua amizade.
Mas agora não é mais possível (continuarei decerto a falar com ele, mas na ausência definitiva). E como se fala com um amigo que se sabe que já morreu, como será possível manter esse teatro?
Quanto os livros... Que importa um livro, mesmo um grande livro, comparado com um amigo generoso?



domingo, 3 de novembro de 2013

Novos projetos

Bom dia,

Estou aparecendo depois deste período de ausência, mas não de esquecimento. Confesso que pensei no blog e no que poderia escrever. Aqui estou para partilhar os novos projetos.

Recentemente comecei a dar aulas em regime de voluntariado numa Universidade Sénior, uma experiência marcante sobretudo porque aprendo em cada aula e acredito que é nisso que reside um dos maiores momentos desta partilha de informação. 

Vive-se intensamente em cada encontro com os alunos, pessoas que estão disponíveis para a aprendizagem e que nos deixam sempre com grandes sorrisos que transformam ainda mais o nosso papel na sociedade.

Estou com duas aulas por semana. Dou aulas de Comunicação Humana, uma disciplina dedicada ao estudo de alguns conceitos, nada exaustivo, mas sobretudo de mostrar o quanto podemos melhorar a nossa comunicação ao sabermos o que é, como pode ser trabalhada, quem somos etc. 

Também estou a dar aulas de Literatura Portuguesa, construí o programa em função de mergulharmos na leitura e aprendermos mais sobre narrativas, tais como: contos, crônicas etc. Fazemos uma breve sessão de leitura em algumas aulas e desenvolvemos uma dinâmica de estudo da obra o que nos leva para os momentos de reflexão. Queremos com isso que cada um de nós seja capaz de sair diferente da sala de aulas e que ao ler possamos aprender ainda mais.

Amanhã, lá estaremos com mais crônicas. Aproveitaremos para um mergulho em Fernão Lopes, Augusto Abelaira e Luís Fernando Veríssimo que aparecerá como um presente final :)

Futuramente irei escrever sobre o Augusto Abelaira, um autor que vale a pena conhecer e reconhecer ainda mais. Um talento que merece ser partilhado. Descubram-no!

Desejos de uma semana excelente e com boas leituras

sábado, 29 de junho de 2013

Meia com pelos

Que o mundo das invenções é surpreendente, ninguém tem dúvidas, ainda mais se estiver habituado a passar por alguns momentos do dia por alguns sites que trazem estas "loucuras", algumas praticáveis e outras que nos fazem rir, digamos, pensar se seria possível alguém usá-las.

Deparei-me com a meia com pelos, a ideia de espantar os homens mais pervertidos, o que poderia ser uma medida inteligente em certos transportes públicos onde alguns "homens" insistem em abusar nos empurrões e mãos mais atrevidas, no entanto, fico a perguntar-me porque uma pessoa usaria tal meia e não trocaria esta ideia por uma simples calça. Na minha cabeça faria mais sentido, mas ainda estou a ser lida por alguém que gosta das tais meias e já pensa em comprá-las no futuro.

Para quem ficou por aqui no sábado à noite, fica a imagem para que possa pensar sobre este momento, uma mulher e suas meias com pelos :)